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Quando o telhado é de vidro… z1c4e

Vivemos em um país onde a desigualdade social é uma das marcas mais profundas da nossa realidade. Em cidades pequenas, onde a economia gira em torno da agricultura, dos benefícios pagos pelo INSS e dos salários dos servidores públicos, é natural que a população acompanhe com atenção o destino dos recursos públicos e, principalmente, o comportamento daqueles que fazem parte da máquina estatal.

 

Recentemente, chamou a atenção a insatisfação pública de uma determinada categoria de servidor estadual que pertence aos quadros do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso , que recebe um salário que, somado a indenizações, ultraa os R$ 22 mil reais mensais — conforme publicado no próprio Diário Oficial do Estado, ível a qualquer cidadão —, ou a questionar o Sinjusmat – Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso e o Tribunal de Justiça, alegando desvalorização profissional.

 

A situação levanta um debate importante: será que estamos perdendo a noção do que é realmente “ganhar mal” no Brasil?

 

Em um país onde o salário mínimo é de R$ 1.518,00 (dados de 2025), afirmar que recebe pouco alguém que fatura mensalmente mais de quinze vezes esse valor soa, no mínimo, descolado da realidade. Especialmente em municípios onde a renda média não chega a três salários mínimos e onde grande parte da população sobrevive da lavoura ou da aposentadoria rural.

 

Claro que todo trabalhador tem o direito de reivindicar melhorias, mas é preciso coerência. O cargo publico , que exige concurso público e formação específica, foi conquistado com mérito. Mas é distinto da função de juiz — que, além de exigências mais rigorosas, envolve decisões de alta responsabilidade e risco pessoal. Não faz sentido exigir salário equivalente ao de magistrado quando o próprio caminho profissional escolhido foi outro.

 

Enquanto isso, milhares de brasileiros acordam cedo para o batente, enfrentam transporte precário, jornadas pesadas e salários que mal cobrem as despesas básicas do mês. Para estes, R$ 22 mil por mês parece um sonho distante — e, por vezes, uma afronta quando ouvem que isso “é pouco”.

 

Reclamar faz parte da democracia. Mas é preciso bom senso, empatia e, sobretudo, humildade para reconhecer quando o nosso telhado é de vidro.

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